A Perturbação de Personalidade Borderline e o estigma nos Serviços de Saúde
A Perturbação de Personalidade Borderline (PPB) enquadra-se no Cluster B das Perturbações de Personalidade, segundo o DSM-V (American Psychiatric Association, 2022). Pessoas com Borderline sentem um medo extremo de abandono, apresentam padrões instáveis nas suas relações e na sua perceção de identidade. A impulsividade é um dos seus pilares, o que as leva a recorrer muitas vezes a comportamentos autolesivos/suicidas. Descrevem um sentimento crónico de vazio e, por vezes, paranoia/dissociação. Sentem ainda uma raiva intensa/inapropriada ou dificuldade em controlá-la (APA, 2022).
Estas características específicas fomentam o estigma estrutural em relação a esta doença, que se reflete transversalmente a todas as áreas das vidas destas pessoas. Deste modo, e sempre associado ao estigma, pessoas com PPB enfrentam inúmeras desigualdades sistémicas, i.e., a nível da integração e suporte social.
Níveis mais altos de estigma são comumente reportados no seio dos serviços de saúde, nos quais pessoas com Borderline mencionam receber um atendimento deficitário visto que grande parte dos profissionais de saúde as consideram manipuladoras e mais difíceis de interagir do que pessoas com outras doenças. Estas noções preconcebidas são agravadas pela incerteza sobre a sua legitimidade enquanto doença mental e a crença errada de que esta é uma condição incontrolável (Klein et al., 2022).
Deste modo, pessoas com Borderline são marginalizadas dentro da comunidade clínica, sofrendo com a desigualdade de não receberem um tratamento adequado e livre de julgamento, como a maioria das pessoas.
Uma possibilidade de intervenção é um programa acerca da PPB e Terapia Dialética Comportamental (DBT), dinamizado por um psicólogo clínico especializado nesta problemática, que é destacado para este tipo de mediação por estar familiarizado com as especificidades da doença, tendo recebido a formação adequada, com contato direto com os meios hospitalares/clínicos, proporcionando melhores resultados e estando, a priori, isento de preconceito.
Referências
- Ahmed, S., Newman, D., & Yalch, M. (2021.). The Stigma of Borderline Personality Disorder. In Advances in Psychology Research. Nova Science Publishers.
- American Psychiatric Association. (2022). Personality Disorders. In Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed., text rev.). https://doi.org/10.1176/appi.books.9780890425787.x18_Personality_Disorders
- Klein, P., Fairweather, A.K. & Lawn, S. (2022). Structural stigma and its impact on healthcare for borderline personality disorder: a scoping review. Int J Ment Health Syst 16, 48. https://doi.org/10.1186/s13033-022-00558-3
Autoria: Beatriz Zilhão e Marta Ferreira, 2024